Acerca del libro
CIÊNCIAS DE EMERGÊNCIA. EXERCÍCIOS INTERDISCIPLINARES EM CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
Aquilo que os seres humanos têm de semelhante entre si é a capacidade de serem diferentes dos outros animais. A nossa inteligência, porém, imprevisível, nem sempre é digna do nosso orgulho. No entusiasmo das conquistas perdemos, frequentemente, a sageza emocional ou, até, o bom senso solidário. Esta face da inteligência tornou-se a maior das ameaças.
Apresentamos o estudo de psicologia social de Bernard Rimé sobre o significado emocional e social do trauma, tantas vezes ignorado pelas ciências sociais, mas afinal quotidianamente presente na vida de todos e cada um de nós. O médico Juan Carlos Rumbero escreve sobre a experiência espanhola de cooperação com África, por onde se desenvolvem e escondem as relações entre os povos mais bem sucedidos e os mais mal sucedidos do planeta. Joana de Deus Pereira traz-nos a actualidade cada vez mais premente dos usos das matérias-primas fundamentais para a existência de vida humana na Terra. Mark Brayne revela-nos como algumas das questões traumáticas, para o público, para os jornalistas e para os poderes instituídos, são tratadas pelos media.
Sobre as representações da moral social introduzimos um texto filosófico de Myriam Revault d'Allonnes sobre a sentida falta de autoridade nas sociedades contemporâneas, acompanhado por quatro textos de juristas (não necessariamente textos jurídicos) de José Ángel Brandariz sobre percepções de segurança perante o crime, de Lisa Tortell sobre a polissemia dos direitos à segurança, de José Preto sobre a situação da liberdade de expressão em Portugal, de José Garcia Marques sobre as relações entre liberdade e segurança. Sobre as práticas ideológicas fala-nos José Castro Caldas, discutindo o carácter ilusório da posse, representada pela disponibilidade imediata dos símbolos dessa potencialidade. Acompanham-no José Brandariz, Patricia Faraldo Cabana e Clara Sottomayor no campo jurídico, dando conta, respectivamente, dos usos do Direito Penal nas sociedades actuais, do modo como as vítimas de violência de género são tratadas pelos tribunais, e como as crianças continuam a ser alvos da ideologia patriarcal adoptada no sistema judicial.